terça-feira, fevereiro 27, 2007

o vácuo, o vazio e o nada


É na ausência de matéria, vácuo onde apenas e só as ondas, a luz ou os campos têm existência que aos poucos se vai criando um espaço vazio com capacidade para conter algo que não tem.
Nada é a negação de tudo o que existe, é um não lugar, um não espaço. O nada está indubitavelmente associado à nossa mente, não tem lugar na Física ou na Química. O nada é algo que me persegue e do qual tento fugir, por vezes sou apanhada nas suas malhas, sentindo-me qual partícula oclusa numa rede cristalina defeituosa.
E assim permaneço neste dualismo, a consciência de uma mente distinta do corpo: penso, logo existo (Descartes). Mesmo que ao pensar eu me engane, eu, sujeito epistémico, existo!
O ideal seria conseguir dissociar fisicamente a alma (mente) do corpo, viveriam assim felizes, cada um para seu lado, sem críticas, sem questões e, principalmente, sem colisões.
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[mais um transporte do Espaço e o Tempo. Na verdade ando cada vez mais vazia, sendo assim, nada mais me resta que (re)escrever o que já escrevi.]

domingo, fevereiro 25, 2007

reviver o passado

Há dias em que me dá uma grande vontade de reviver o meu passado literário, quero com isto dizer, olhar e reler alguns dos autores que sofregamente li. Eu sou de manias, confesso, sou de paixões, admito. Sendo assim, quando um escritor me desperta a atenção lei-o exaustivamente, livro após livro, linha por linha, letra por letra. Até que repentinamente me canso e o arrumo na prateleira. Hoje voltei ao Abelaira e recordei as discussões que estas leituras geraram. Que não, não percebiam porque andava eu a ler o Abelaira, romances sem interesse. Que sim, perceberiam muito melhor se me dedicasse a outro tipo de literatura.
Em homenagem ao Augusto Abelaira, com quem, do alto dos meus 18/19 anos, amiudamente me cruzava na rua, aqui deixo este post.

era uma vez (repito)

Neste sonho voo, sinto no rosto a brisa da liberdade, o pensamento ao longo dos dias amarrado corre feliz por entre as estrelas.
Ah! Pudera eu voltar atrás no tempo e preencheria cada minuto da minha vida com estrelas cintilantes de fantasia.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

era um redondo vocábulo

retrato tirado da net
Zeca Afonso

saudades

(…) Saudades de ti? Não tenho a certeza, serão saudades de ti, ou de mim?
As mãos húmidas da noite, escura, fria e tenebrosa, tentavam desesperadamente atravessar as vidraças que me separavam dela. Ao longe, o rugir das ondas batendo fortemente nas rochas levava-me para um outro mundo, o mundo dos sonhos.
Deixei-me inebriar, deixei que os fantasmas da noite tomassem conta de mim, e para eles, pus música, exaltante, extasiante. Pensei em ti, em tudo o que vivemos, saboreei cada momento e em cada um deles redescobri a minha capacidade de amar, perdida no tempo, adormecida nos anos, que passaram velozes por mim.
Lembro-me que pensei: “vivi estes momentos, ou tudo não passou de um sonho? Sonho lindo com sabor amargo”.
Quando acordei, o sol brilhava, acariciando muito ternamente aquelas águas tão azuis, tão aparentemente inocentes, as águas que na noite anterior tinham embalado o meu sonho, o meu sono. Saí para a rua e fiquei-me a contemplá-las, a pensar em como a quietude anda de mãos dadas com a turbulência, mostrando, ora uma face, ora outra.
Depositei naquelas águas tão tranquilas, tão azuis, tão imensamente grandiosas, a minha esperança. Soube, naquele momento, que nunca mais seria a mesma, que mais um marco tinha sido colocado no caminho da minha parca existência. A vida é feita de pequenos incrementos, cujo somatório nos conduz aquele ponto crucial, que é a morte.
Dizem que na morte surgem, por momentos, todos esses incrementos, separados por marcos, mas ninguém sabe muito bem o que é a morte, para mim, é apenas um somatório, um resultado final, um limite.” (…)


Eu sei que já publiquei este post no Espaço e o Tempo, mas resolvi transferi-lo para aqui...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

o preto e o branco

Embora timidamente, a neve caiu...

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

falando de sentimentos

foto tirada da net
«Os sentimentos não são uma mera decoração das emoções, qualquer coisa que possamos guardar ou deitar fora» escreve António Damásio, na página número 20 em Ao Encontro de Espinosa tentando Dar a Palavra aos Sentimentos.

Há pessoas que não têm sentimentos... mentira! Todos nós os temos, só que há dois tipos de sentimentos: os perenes e os caducos.
Azar dos que alimentam a perenidade dos sentimentos, vêem-se assim envolvidos em lutas internas para manterem o seu equilíbrio enquanto seres humanos.
Sorte dos que desenvolvem a sua caducidade, saltitando de nuvem em nuvem alimentando-se das gotículas que as constituem.

Ah! Como eu gostaria de ser uma folha.... caída!

era um redondo vocábulo

Chegada ao ponto de partida, olho o círculo descrito desenhado a régua e compasso. Em cada ponto um vazio, em cada vazio uma esperança, em cada esperança a espera.

sábado, fevereiro 10, 2007

infinita regressão...


Pausa para reorganizar os sentimentos, arrumar as gavetas onde moram as emoções e sorrir.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

ela

Estava uma noite de lua cheia daquelas em que a água salgada do mar teimava em reflectir os tons prateados cuja nobreza não conseguia absorver. Ela ali estava, quieta, indiferente, quase inanimada, vazia de emoções e nas mãos os destroços dos sentimentos ainda há pouco tão fortes.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

encontros



Num dos meus passeios virtuais dei de caras com o Francisco Rodrigues Lobo, discípulo de Camões, doutor de leis, poeta, escritor. Deixo aqui um poema seu dedicado ao rio que no seu leito o acolheu.
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Fermoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente!

Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh, quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!

Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras dantes,
Eu não sei se serei quem dantes era.

domingo, fevereiro 04, 2007

fuga


Veneza 2003

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

S. Pedro de Moel - o mar

foto
é o mar da minha infância, da minha juventude, onde, balzaquiana me passeava de crianças pela mão ouvindo o som do mar furioso ou sentindo as suas carícias quando, mais quieto, abraçava a areia, é o mar da minha minha vida!
Perceves, sargos, lapas e tardes perdidas a ver o mar... a sentir a sua fúria quando, zangado, se atirava contra o paredão que suporta o café, agora restaurante.
Ó mãe.. óoooo mãeeeeee...
Não filha, não somos nós que dominamos o mar... é ele que nos domina a nós, é voluntarioso, o mar...
E a areia a fugir debaixo dos pés, a água a correr por entre os dedos e os barcos ao longe, muito ao longe...
Ó mãe... ó mãeeeeee...
Amanhã, quando a bandeira estiver verde.
...
Pela mão do Z. M. e pousando na ramãzeira vieram-me à memória lembranças de despreocupação e alegria. Dias felizes!
Café da Praia, Bambi, Snoobar... e mar, muito mar!