sexta-feira, julho 27, 2007

domingo, julho 08, 2007

As (in)certezas

Por definição e segundo o Vocabulário Internacional de Metrologia, incerteza é: «um parâmetro associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem com razoabilidade ser atribuídos ao mensurando».
Analisando o mensurando em questão, os meus sentimentos, noto que a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a dispersão dos valores obtidos é cada vez menor. Quero com isto dizer que o resultado está cada vez mais próximo do verdadeiro valor.
Este facto dá-me uma certa tranquilidade e consequentemente uma maior certeza no que quero, no que não quero e, fundamentalmente, aquilo porque me disponho a lutar de modo a assegurar a minha integridade como pessoa que vive num mundo onde tudo, ou quase, aparenta ser o que não é, onde a dispersão dos valores medidos é de tal ordem que acabamos a duvidar se efectivamente as medidas foram feitas com equipamento de alta resolução ou, simplesmente com uma balança de dois pratos cujos «pesos» eram feitos de materiais mais ou menos degradáveis.
Continuo na busca do mais baixo valor de incerteza, para assim poder ter uma maior certeza. Eu sei, é uma busca inútil, pois há sempre grandezas de influência que acabam por arrasar os resultados, diminuindo as certezas, aumentando a variabilidade das incertezas.
Até me apetece dizer: «só sei que nada sei»
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Nota: será que alguém me pode explicar porque já não consigo preencher o campo que diz respeito ao título do "post"?

quinta-feira, julho 05, 2007

apenas sons

Pensamentos que se soltam como fragmentos de pele já sem vida, fazem de nós robots que se movem ao som do silêncio que ecoa dentro da alma que por momentos fica suspensa de uma palavra. Palavras... umas vezes soam-nos como cânticos celestiais, outras como punhais.
Gosto do som dos lobos uivando, parecem-me sempre gritos de dor e solidão, como se se tivessem perdido da matilha. Tantas feridas... umas que cicatrizam, outras que (re)abrem quando o alarme se faz ouvir, é nesses momentos que fico assim, como pássaro perdido num céu que não conhece.
Abrem-se lacunas, ficam oclusas partículas de dor na minha alma já sofrida, em cada dia que passa os meus limites se restringem, como se o Universo deixasse de ser infinito, como se em cada estrela houvesse uma abafador.
Chamem por mim, façam-me viver, digam-me que eu não quero partir...

«Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
»

Álvaro de Campos