domingo, agosto 22, 2010
quarta-feira, agosto 18, 2010
A viagem
Olhando a tela sobre a qual, no canto superior, traço um risco indelével, os dias passam, até que, pegando no lápis de carvão se preenche todo o espaço, surge-nos então o incontrolável desejo de lhe dar cor e, o verde avança ficando aqui e ali colorido com o vermelho das flores, o branco das casas de telhados avermelhados, o cinzento, o verde e o branco do pico das montanhas. E há sons diferentes que nos preenchem o vazio antes ocupado pelos dias sempre iguais e o crepitar das velas acesas que fazem com que o ouro brilhe com mais explendor. A simpatia que transparece dos rostos estranhos que nos olham. No canto inferior esquerdo da tela surge um pequeno borrão negro, quase invisível, sem destaque algum. Contemplando a tela acabada sentimos o renascer da vontade e a força de querermos construir novos dias, desenhar novos quadros e colori-los.
domingo, agosto 15, 2010
domingo, agosto 08, 2010
*post retirado do meu blog, Pedrinhas Soltas, fechado por tempo indeterminado
[Há noites em que a "noite" se torna mais fria, mais escura, mais longa. Há noites que não têm fim, foi numa destas noites que reconstruí este blog, tão escuro como escura é a noite. Quando terminei, olhei pela janela e o sol, sorrindo com ar trocista, olhava para mim.
Deixei-o quieto e fui vestir-me para recomeçar o meu dia, hoje, alguns dias depois, volto aqui para escrever.
Sinto-me caminhando sobre um pântano, o chão foge-me debaixo dos pés e, como diz F. Pessoa, "E em nada existo como a treva fria".
Deixo aqui o Poema com o qual me identifico e que me acompanhou naquelas noites de grande sofrimento.
Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.
Fernando Pessoa
posted by pedrinha]
[Há noites em que a "noite" se torna mais fria, mais escura, mais longa. Há noites que não têm fim, foi numa destas noites que reconstruí este blog, tão escuro como escura é a noite. Quando terminei, olhei pela janela e o sol, sorrindo com ar trocista, olhava para mim.
Deixei-o quieto e fui vestir-me para recomeçar o meu dia, hoje, alguns dias depois, volto aqui para escrever.
Sinto-me caminhando sobre um pântano, o chão foge-me debaixo dos pés e, como diz F. Pessoa, "E em nada existo como a treva fria".
Deixo aqui o Poema com o qual me identifico e que me acompanhou naquelas noites de grande sofrimento.
Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.
Fernando Pessoa
posted by pedrinha]
sábado, agosto 07, 2010
o som e a luz
A concha abre-se no negrume da noite, ao fundo os barcos balançando-se sobre o rio, também ele, negro. E o som rasga as expectativas de quem espera e ultrapassa-as, a luz zomba de quem olha, movimentando-se numa acrobacia expectante. E a pólvora? Ai a pólvora que me escapa como uma serpente ondulante: é permanganato de potássio? Não! E fez-se luz, a serpente assemelha-se a um S de enxofre, o potássio envolve-se num nitrato e o carbono na forma primária de carvão vegetal. No céu uma estrela que mais parece um planeta, um avião? E somos matéria que se desfaz na envolvência de um abraço libertando a aura que constitui a nossa essência.
domingo, agosto 01, 2010
Chamaram?
A espera silenciosa de um corpo que se desfaz, mutilado pelo tempo que não se apieda da outra tão bela e garbosa figura. Espera-se, sem surpresas, ela vai chegar a qualquer momento, há muito que foi chamada.
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