domingo, abril 27, 2008

mais saudades


(…) Saudades de ti? Não tenho a certeza, serão saudades de ti, ou de mim?
As mãos húmidas da noite, escura, fria e tenebrosa, tentavam desesperadamente atravessar as vidraças que me separavam dela. Ao longe, o rugir das ondas batendo fortemente nas rochas levava-me para um outro mundo, o mundo dos sonhos.
Deixei-me inebriar, deixei que os fantasmas da noite tomassem conta de mim, e para eles, pus música, exaltante, extasiante. Pensei em ti, em tudo o que vivemos, saboreei cada momento e em cada um deles redescobri a minha capacidade de amar, perdida no tempo, adormecida nos anos, que passaram velozes por mim.
Lembro-me que pensei: “vivi estes momentos, ou tudo não passou de um sonho? Sonho lindo com sabor amargo”.
Quando acordei, o sol brilhava, acariciando muito ternamente aquelas águas tão azuis, tão aparentemente inocentes, as águas que na noite anterior tinham embalado o meu sonho, o meu sono. Saí para a rua e fiquei-me a contemplá-las, a pensar em como a quietude anda de mãos dadas com a turbulência, mostrando, ora uma face, ora outra.
Depositei naquelas águas tão tranquilas, tão azuis, tão imensamente grandiosas, a minha esperança. Soube, naquele momento, que nunca mais seria a mesma, que mais um marco tinha sido colocado no caminho da minha parca existência. A vida é feita de pequenos incrementos, cujo somatório nos conduz aquele ponto crucial, que é a morte.
Dizem que na morte surgem, por momentos, todos esses incrementos, separados por marcos, mas ninguém sabe muito bem o que é a morte, para mim, é apenas um somatório, um resultado final, um limite.” (…)

7 comentários:

hora tardia disse...

A.
não há limite em si......pois não????



beijo.

alecerosana disse...

é um limite que tende para o infinito ... :))

Beijo

Vanda disse...

E aqui fica um abraço de igual carinho :)

pb disse...

e um beijinho, que já tinha saudades de aqui vir !!

alecerosana disse...

e outro beijinho para ti, também já tinha saudades de te ver aqui :)

Anónimo disse...

Vanda
abraço apertado!

Anónimo disse...

Vanda
abraço apertado!