domingo, agosto 08, 2010

*post retirado do meu blog, Pedrinhas Soltas, fechado por tempo indeterminado

[Há noites em que a "noite" se torna mais fria, mais escura, mais longa. Há noites que não têm fim, foi numa destas noites que reconstruí este blog, tão escuro como escura é a noite. Quando terminei, olhei pela janela e o sol, sorrindo com ar trocista, olhava para mim.
Deixei-o quieto e fui vestir-me para recomeçar o meu dia, hoje, alguns dias depois, volto aqui para escrever.
Sinto-me caminhando sobre um pântano, o chão foge-me debaixo dos pés e, como diz F. Pessoa, "E em nada existo como a treva fria".
Deixo aqui o Poema com o qual me identifico e que me acompanhou naquelas noites de grande sofrimento.

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Fernando Pessoa
posted by pedrinha]

2 comentários:

zef disse...

Boa tarde, Alece.

"E há o mar, ali tão perto, tão azul, tão refrescante, onde a vida germina e o reflexo do céu nos dá a ilusão de um imenso espelho."
(Alecerosana)

Um abraço

alecerosana disse...

Zef, amigo, atravessando as montanhas por entre vales verdejantes soltam-se notas musicais do mais belo que há e, neste momento,sou feliz. Há a música, há a beleza e o saber que alguém me lê.
Neste momento ouço: "Così fan tutte" e deixo-lhe um abraço extensível aos que ama.
alece