quinta-feira, julho 05, 2007

apenas sons

Pensamentos que se soltam como fragmentos de pele já sem vida, fazem de nós robots que se movem ao som do silêncio que ecoa dentro da alma que por momentos fica suspensa de uma palavra. Palavras... umas vezes soam-nos como cânticos celestiais, outras como punhais.
Gosto do som dos lobos uivando, parecem-me sempre gritos de dor e solidão, como se se tivessem perdido da matilha. Tantas feridas... umas que cicatrizam, outras que (re)abrem quando o alarme se faz ouvir, é nesses momentos que fico assim, como pássaro perdido num céu que não conhece.
Abrem-se lacunas, ficam oclusas partículas de dor na minha alma já sofrida, em cada dia que passa os meus limites se restringem, como se o Universo deixasse de ser infinito, como se em cada estrela houvesse uma abafador.
Chamem por mim, façam-me viver, digam-me que eu não quero partir...

«Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
»

Álvaro de Campos

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