quarta-feira, março 26, 2008

Camuflagem

O que levará as pessoas a viveram num sistema fechado onde os sentimentos vivem camuflados?
Tanto se escreve sobre sentimentos e emoções, no entanto, ainda não se conseguiu chegar a um consenso. António Damásio encontra-se com Espinosa e diz-nos que «os sentimentos não são uma mera decoração das emoções, qualquer coisa que possamos guardar ou deitar fora». No entanto, nunca como agora os sentimentos tiveram uma natureza tão descartável. Entristece-me constatar esta realidade.
Controlamos a alegria, a tristeza, o medo, o ciúme, controlamos, afinal, o amor com que desejaríamos viver, para nos envolvermos na permanência da mentira e do embuste.
Acreditamos no livre arbítrio? Ou pretendemos «uma liberdade radical, uma redução da dependência em relação aos objectos de que somos escravos»?
Partículas errantes num Universo que desconhecemos, numa busca permanente do eldorado, da felicidade em cada dia adiada.
«... [Espinosa] queria transformar-se num homem livre.»
E voltamos à velha questão da difícil convivência da razão e do afecto, da emoção.
Dúvidas de uma mulher que por vezes pensa.

3 comentários:

zef disse...

Um abraço, Alece.
E, porque o seu texto me pôs a ler Alberto Caeiro("O meu olhar é nítido como um girassol."), outro abraço...nítido.

alecerosana disse...

Zef
(F.Pessoa)"I know not what tomorrow will bring... " mas sei que hoje lhe deixo um abraço e um agradecimento pelas suas palavras.

Vanda disse...

Lembraste-me o Livro das Emoções de Laura Esquivel.


beijinho