quinta-feira, novembro 20, 2008

Fantasmas


foto tirada da net

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Fernando Pessoa

4 comentários:

Arábica disse...

Fernando Pessoa das mil almas...


Gosto muito de Álvaro de Campos.


Tu não?


Beijo e boa semana

alecerosana disse...

Muito!! Mas este poema é especial.

Beijoss

Anónimo disse...

Fernando Pessoa...traz-me muitas recordações...

Agradeço a partilha destas palavras.

alecerosana disse...

e eu, agradeço a visita :)