
(...)
Devastada era eu própria como cidade em ruína
Que ninguém reconstruiu
Mas no sol dos meus pátios vazios
A fúria reina intacta
E penetra comigo no interior do mar
Porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
E reconhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor
E o mar de Creta por dentro é todo azul
Oferenda incrível de primordial alegria
Onde o sombrio Minotauro navega
(...)
Porque pertenço à raça daqueles que percorrem o labirinto
Sem jamais perderem o fio de linho da palavra.
Sophia de Mello Breyner Andresen em O Minotauro
2 comentários:
Labirintica forma de amar em
mergulho
sorver todo o azul infinito
e
no linho des.tecer as ondas
desse remoínho
que é afinal, amar.
Gosto de te ler através de Sophia.
Beijo
Que abandonada estás minha amiga. Vou deixar-te aqui um poema como companhia.
Beijo
Enviar um comentário