domingo, julho 02, 2006

Silêncio

Não gosto do silêncio, o silêncio, quando não acompanhado de outras manifestações, como o olhar, o respirar, o tocar, tem o sabor a morte.
Mesmo quando me refugio no cume das montanhas, gosto de ouvir o uivar do vento, o cantar de uma cigarra, o correr da água do rio, ou o tilintar dos sinos no pescoço das ovelhas.
Mesmo quando procuro a praia deserta, gosto de ouvir o som das ondas no seu inquietante movimento, o som do seu impacto na areia. O silêncio é a ausência absoluta de som, é o vazio, tendo em conta que o vazio é, por definição, ausência de matéria.
Mesmo quando me encerro num espaço fechado, gosto de ouvir os sons vindos da rua, uma criança que grita, um papagaio que invariavelmente repete: ó mãe, ó mãe.. có córó cócó.
Não gosto, não gosto do silêncio!
O silêncio é a ausência de resposta, o silêncio é viver um dia a dia de autismo puro e duro.
Gosto da alegria das respostas, dos sons, da vida!

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