quarta-feira, maio 31, 2006

O fascínio das marionetas

O teatro de marionetas sempre exerceu sobre mim um certo fascínio, há pouco tempo tive a oportunidade de recordar memórias de infância.

terça-feira, maio 30, 2006

O Ramo de Flores

Há gestos que ficam gravados nas gavetas mais inacessíveis do nosso querer, que têm sobre nós o efeito de gotas de água sobre uma folha verde numa tarde quente de verão.
Era a hora do recolher, era um tempo em que a solidão se torna uma necessidade, a hora em que a luta tem um carácter urgente. Deitada sobre aquela cama de lençóis ásperos e amarrotados com uma cor mais ou menos pardacenta mas de uma limpeza acéptica, recuperava. Na ombreira da porta daquele hospital tão austero, de onde tinha sido arrancada toda a beleza, sobrando, no entanto, a grandeza dos que lutam minuto a minuto ao nosso lado como se deles fosse a vida, surgiu o mais bonito do ramos de flores. Misturado com o exotismo do ananás anão, a simplicidade das margaridas, a beleza do verde e a originalidade do enlace dos troncos. Os olhos, cansados de olhar o infinito dos dias por conhecer abriram-se de espanto e as mãos trémulas e sôfregas da ajuda que não ousavam pedir, acariciaram o laço que o envolvia.
Gestos guardados nas dobras das mais intensas dores e que agora surgem como alimento para os dias que foram roubados à morte.
Gestos que quebraram a monotonia da solidão de quem luta pela vida, sem alaridos, sem gritos, sem gestos obscenos de exposição mas com veemência.
Gestos que só alguns sabem oferecer, gestos que só de alguns ousamos receber.
Lembras-te?

quinta-feira, maio 25, 2006

O Processo...

Mas alguém se lembra que Bolonha é uma cidade italiana, carregada de História e beleza, berço de etruscos e cobiça de romanos?
Não, quase ninguém se lembra! Bolonha anda na boca dos portugueses em forma de Processo , para uns, Declaração, para outros e Acordo para uns quantos.
Bolonha e o seu Tratado traz estudantes, professores e população em geral, num grande reboliço, uns porque receiam o desconhecido, outros porque isso implica uma sobrecarga de trabalho e outros ainda, porque não estando esclarecidos não sabem muito bem o que pensar.
A uniformização é assim, todos iguais, todos diferentes, ou, se preferirmos uma versão menos "soft" , todos iguais, mas uns mais iguais que os outros.
A Esperança é a última a morrer...

terça-feira, maio 23, 2006

Eu vim de longe...

A terra é terra!
E aqui fico, mergulhada na minha condição de lavradora...
Por vezes, uma única palavra basta para nos recordar o que somos, de onde vimos e para onde vamos. Fica pelo meio o caminho que percorremos...

Vácuo vs Vazio

Na Física, o vácuo é a ausência de matéria num determinado volume, assim o definiu Pascal. No entanto Aristóteles recusava a existência do vazio.
Balanço entre uma e outra Teoria, por um lado recuso o vazio que (pre)sinto e por outro lado há dias em que a sua (não) existência se faz sentir, pressionando-me

segunda-feira, maio 22, 2006

O Perfume das Rosas


São rosas, Senhor são rosas....
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Nem o cinzento do Astro retirou a beleza e a suavidade perfumada das pétalas vermelhas que o vento espalhou...

Certezas na incerteza

Quando falamos de Qualidade em resultados é importante calcularmos com grande certeza o intervalo da incerteza com que obtivemos o resultado.
Pena é que nas relações humanas essa incerteza não esteja confinada a um simples intervalo e as certezas sejam apenas uma miragem, fazendo com que se instale uma dúvida sistemática e estejamos a cada instante na eminência de descobrir que o que era já não é. É desta instabilidade permanente que se alimentam as relações amorosas, considerando que o amor não é mais que uma amizade ardente.
Talvez volte a este tema, isto foi apenas um ponto de partida para a análise que farei mais tarde, considerando que ainda me faltam bastantes dados para a concretizar.

quinta-feira, maio 18, 2006

“De Revolutionibus Orbium Coelestium”

Heliocentrismo e Copérnico
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Pois é, a revolução das esferas celestes, apesar da teoria de Copérnico, mais tarde desenvolvida e defendida por Galileu Galilei, se confirmar, ainda existe alguma geocentria por aí. Tudo o que é inovador provoca uma espécie de reacção alérgica no ser humano. O que realmente me tranquiliza é o facto de já existirem anti-histamínicos eficazes que têm como efeito secundário uma espécie de entorpecimento.

terça-feira, maio 16, 2006

O Tempo

Foto "roubada" do blog de um amigo.

"O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo que o tempo tem."

E é assim que no pouco tempo que o tempo nos permite encontramos o tempo que dedicamos a quem gostamos, mesmo que esse tempo se manifeste apenas em palavras escritas.

terça-feira, maio 09, 2006

O Ponto de Orvalho

Definição: O ponto de orvalho é a temperatura para a qual o vapor de água presente na atmosfera satura o ar e começa a condensar-se, isto é, começa a formar-se o orvalho. A temperatura do ponto de orvalho é sempre inferior ou igual à temperatura do ar.
Ora bem, digamos que estou quase a atingir o ponto de orvalho, estou tão saturada que dentro de alguns minutos começarão a espalhar-se pelo chão gotas de mau feitio, o que quer dizer que quem estiver perto de mim, será melhor arranjar um guarda chuva ou então, fugir, fugir...
Mas talvez se consiga contrariar a natureza da irrascibilidade atirando um pouco de ar quente, ou seja, arranjar paninhos quentes de modo a que esta tendência para condensar na forma de gota seja contrariada passando imediatamente ao estado gasoso, estado esse que, pela sua natureza dispersa, se dissipa na atmosfera confundindo-se com um gás raro e leve.

domingo, maio 07, 2006

O Ponto Triplo da água

Há dias em que me sinto assim, como se coexistissem em mim os três estados: líquido (uma preguiça infinitamente grande aliada à sensação de que tudo pode esperar); sólido (agarrada a convicções, a certezas cujas incertezas são nulas) e, finalmente, gasoso (uma espécie de entorpecimento entrecortado por pequenos pontos descontínuos - alegrias seguidos de tristezas mais ou menos indefinidas).
Dizem os entendidos (ainda ontem jantei com três psis, o que me leva a crer que qualquer dia ainda me arranjam uma qualquer classificação Freudiana, Skinnense, Reichiana ou Pavloviana, etc etc) que isto são sintomas depressivos. Houve uma altura na minha vida em que eu não tinha tempo absolutamente nenhum para depressões, acho que com o passar dos anos se vão cavando alguns buracos, será que estou a ficar deprimida??
Este post está exactamente como eu - disperso, sem conteúdo, com as letras ordenadamente desordenadas e os pensamentos desordenadeamente ordenados, com tendência para o caos, efeitos nefastos do facto de hoje ter decidido não sair de casa e também de uma certa nostalgia que se instalou. (Mas porque estou eu a falar disto?)

Dia da Mãe

Porque não gosto de "Dias de..."
Vou dedicar este post a todas as mães cujos filhos encetaram uma viagem sem regresso, vou dedicar este post a todas as crianças que tiveram de assistir à elaboração de presentes para o dia da mãe que elas não têm.
Eu sei, já um dia me responderam: e porque elas não têm mãe/pai os outros não têm direito a comemorar? Têm... aliás, comemoram todos os dias... porquê inventar um dia especial? Para comercializar uma carrada de bugigangas?
Perdoem a minha aparente crueldade, sou mãe extremosa e filha amantissima.
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Como bolhas de ar encerradas em gotas de água no espaço, é assim que eu acho que se sentem os que assistem a festas nas quais não podem participar.
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Dia da Mãe

Pois então..
Eu, como já escrevi em vários sítios, não gosto muito de "Dias de...". Não vale a pena perguntarem porquê, porque isso não tem resposta, talvez Freud, cujos 150 anos de existência foram comemorados, pudesse explicar esta minha aversão. Mas, ao que parece, as suas teorias estão um pouco ultrapassadas, logo, não poderei encontrar uma justificação plausível para esta minha aversão.
Sou mãe estremosa e filha amantissima, mas que querem? não me sinto mais amada pelo facto de as minhas filhas me darem, neste dia, uma prenda e também não amo mais a minha mãe pelo simples facto de, neste dia, a contemplar com uma bugiganga qualquer.
Eu sei, eu sei... mãe há só uma... cinco letras apenas.. ó minha mãe minha amada... etc etc.
Como tal, as minhas filhas nem se lembraram que hoje é o dia da mãe, embora eu, porque sei que a minha mãe gosta, tenha tido essa preocupação relativamente a ela.
Não julguem que as minhas filhas gostam menos de mim por não me terem comprado prendas... são as filhas mais maravilhosas que uma mãe pode ter e tenho a certeza que é biunivoca esta correspondência.

A saga das certezas nas incertezas

Ainda na sequência do post Metron Logos e a propósito da Qualidade, veio-me à memória uma estória (foi-me contada como anedota, mas como não gosto muito da palavra, requalifico-a como estória) que nos dá uma ideia da evolução e importância do cálculo de incertezeas. Aí vai...
Após uma guerra, como gosto da figura do Aníbal Barca o tal que desafiou o Império Romano (ainda um dia explorarei esta minha atracção por aqueles que ousam desafiar os Impérios ) vamos supor que Aníbal, o comandante, perguntou a um dos soldados: quantos eram os inimigos? O soldado, muito prontamente, respondeu: 1001. O comandante perplexo pergunta: 1001??? Mas como conseguiu contar com tanta exactidão esse número de inimigos? Ao que o soldado respondeu: à frente vinha 1 e atrás vinham pr'aí uns mil. Conclusão: número de soldados = 1±1000. (É suposto rirem-se...)
Neste caso a incerteza ultrapassa de longe o resultado. Actualmente a certeza no cálculo das incertezas já é tão grande que nos conduz cada vez mais a resultados exactos e que abonam a favor da Qualidade dos produtos que consumimos, nomeadamente alimentos.
Para que estou a debitar estas palavras? Apenas para chamar a atenção da importância de ler os "±" que se encontram à frente dos resultados, que muitas vezes (que pena não serem mais) vêm descritos nas embalagens dos produtos que consumimos...

sexta-feira, maio 05, 2006

Metron Logos

Nos dias que correm a Metrologia está cada vez mais infiltrada no nosso dia a dia, uma vez que, finalizada a etapa da subsistência primária, nos preocupamos cada vez mais com a qualidade e, sem metrologia, não há qualidade. Ela está presente nas mais pequenas coisas do nosso dia a dia, quer na quantidade de batatas que compramos no mercado, quer nas análises que nos indicam o nosso estado de saúde, assim como nos grandes projectos de investigação e desenvolvimento não falando de outros sectores que obrigatoriamente a aplicam. No entanto é curioso notar que, por vezes, os que deveriam ter mais presente esta ciência são os que mais a negligenciam avançando com equipamento não calibrado que levará, inevitavelmente, a resultados com uma certeza cuja incerteza nos faz desconfiar.
Em modo de definição, cito aqui J.B. Tomé no livro Portugal e a Europa no Mercado Mundial da Qualidade - Realizar implica medir. Noções de grande ou pequeno, estreito ou largo, pesado ou leve, branco ou preto encerram a noção de comparação com um padrão ou com uma referência: medição, afinal.
É importante estabelecer o elo entre a ciência que trata da medição - Metrologia e a Qualidade que podemos definir como a ciência que trata da adequação ao uso. Talvez possamos compreender melhor se atentarmos cuidadosamente na seguinte afirmação: Na natureza não existe igualdade, tal como se pode dizer de igual modo também não existe simultaneidade, e a estatística demonstra que a probabilidade de duas grandezas serem iguais (ou de acontecimentos serem simultâneos) é nula. A igualdade constitui pois uma caracterização convencionalmente verdadeira apenas segundo objectivos bem determinados e apenas para determinados fins, S.D. Antunes em Metrologia e Qualidade. Todas as medidas são feitas tendo em conta um determinado padrão de referência, ou seja, comparando.
Por tudo isto e muito mais é cada vez mais importante começarmos a distinguir a Metrologia da meteorologia e percebermos que se queremos produtos certificados, laboratórios acreditados, etc etc.. teremos de, necessariamente, preocupar-nos com a qualidade e entendermos bem o que é a metrologia.
Dirão: mas porque é que esta resolveu bombardear-nos com esta treta? Ora... muito simplesmente porque estou cansada de ser emendada quando pronuncio a palavra Metrologia - metron (medida) + logos (ciência).
Sejamos felizes, mas com qualidade!

quarta-feira, maio 03, 2006

nuclear

Núcleos, fissão e fusão...
Acho importante explicar e debater um tema de tão grande importância como a construção de uma Central Nuclear em Portugal. Não pretendo com este post um rigor científico.
Há determinados elementos químicos, como por exemplo: urânio, plutónio, tório, etc, que possuem isótopos capazes de desenvolver reacções nucleares que transformam massa em energia. Dentro deste tipo de reacções podem considerar-se dois sub-tipos: fissão nuclear e fusão nuclear. Na primeira um núcleo atómico subdivide-se em dois e na segunda, dois núcleos fundem-se, ocorrendo neste processo produção de calor. A primeira não liberta para a atmosfera gases tóxicos, o que é uma vantagem. Este tipo de reacções são as chamadas reacções em cadeia o que quer dizer que depois de iniciadas elas se vão desenvolvendo continuamente.
É nas Centrais nucleares que ocorrem este tipo de reacções, que têm algumas vantagens, uma delas é o facto de não produzirem gases tóxicos (fissão nuclear) que poderiam causar um aumento do efeito de estufa, pois não utilizam combustíveis fósseis, mas, em contrapartida, produzem lixos nucleares que têm de ser armazenados muito cuidadosamente para não haja qualquer hipóteses de fuga para o ambiente. Para além disso, caso haja um acidente, as consequências a curto, médio e longo prazo serão catastróficas.
Uma grande parte dos Países europeus e não só, adoptou este tipo de produção de energia.
A minha pergunta é: somos um País com sol, mar e algum vento, será que é absolutamente indispensável a criação de Centrais nucleares? Como é evidente, estando nós tão próximos de outros Países europeus que adoptaram este sistema, estaremos sempre sujeitos às consequências directas ou indirectas da ocorrência de acidentes e, até, do armazenamento do lixo nuclear. Mas, um mais um são dois, quanto mais Centrais existirem maior é a probabilidade da ocorrência de acidentes e maior a quantidade de lixo que é necessário armazenar.
De coração, sou contra a energia nuclear, no entanto a razão diz-me que poderá ser uma alternativa. Que fazer?? Continuo a achar que mais vale prevenir que remediar, caso haja hipóteses de explorar outro tipo de fontes de energia. É urgente debater, queria deixar aqui um link, como não o sei fazer, deixo o site http://debate-nuclear.net/blog/como_apoiar.

Acidentes de trabalho

Vem este post a propósito da tentativa de prolongamento da actividade laboral dos trabalhadores para além dos 65 anos e não só.
Os acidentes de trabalho acontecem, uma grande parte das vezes, não só pela falta de segurança no local de trabalho, como também pela incúria do próprio trabalhador e ainda pelo facto de nos esquecermos que há determinadas alturas em que as nossas condições físicas não comportam a elaboração de "uma" determinada tarefa, nomeadamente uma actividade que exija acuidade e precisão.
Estou com uma grande gripe desde Segunda-feira, tendo ontem atingido o ponto alto, mas, como ando um pouco pressionada com datas que é necessário cumprir, insisti em ir realizar uns ensaios laboratoriais. Tudo bem, liguei o pc, introduzi no software as condições necessárias para a realização da experiência e fui preparar a amostra a analisar. Porque se tratava da pesagem de uma quantidade muito pequena de uma amostra líquida, muni-me de uma pipeta de pasteur (que é assim um tubinho de vidro muito fino com a ponta tipo capilar e uns 25 cm de comprimento), de uma pequena pompette e lá fiz uma tentativa para retirar a amostra do recipiente onde se encontrava, mas, porque estava meia "tremeliques", deixei cair a referida pipeta dentro do recipiente não tendo já qualquer hipótese de a retirar. Nova pipeta, mas, desta vez, fiz um pouco mais de força para a introduzir na pompette. Estão mesmo a imaginar o que aconteceu, como estava com os movimentos um pouco descontrolados devido à gripe e consequente febre, a força que antes tinha sido inferior à necessária, desta vez foi muito superior e senti o vidro estilhaçar e entrar pelo meu dedo dentro. Claro que fiz um corte de todo o tamanho, que se fartou de sangrar e com uma certa profundidade.
Conclusões: não devemos arriscar fazer determinados trabalhos quando não reunimos as condições físicas necessárias. Será que aos setenta anos a maioria das pessoas ainda estará plenamente capacitado para executar determinadas tarefas?

segunda-feira, maio 01, 2006

Maio maduro Maio


Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu