Que coexistência mais conflituosa esta! Aos poucos vou-me dando conta de que a razão, por mais voltas que o coração dê, acaba por acordar de um sono forçado. E quando a razão começa a tomar forma, a ocupar espaço, o coração fraqueja. Que faço eu aqui? Perdida no labirinto onde Minotauro reina?
(...)
Devastada era eu própria como cidade em ruína
Que ninguém reconstruiu
Mas no sol dos meus pátios vazios
A fúria reina intacta
E penetra comigo no interior do mar
Porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
E reconhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor
E o mar de Creta por dentro é todo azul
Oferenda incrível de primordial alegria
Onde o sombrio Minotauro navega
(...)
Porque pertenço à raça daqueles que percorrem o labirinto
Sem jamais perderem o fio de linho da palavra.
Sophia de Mello Breyner Andresen em O Minotauro
(...)
Devastada era eu própria como cidade em ruína
Que ninguém reconstruiu
Mas no sol dos meus pátios vazios
A fúria reina intacta
E penetra comigo no interior do mar
Porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
E reconhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor
E o mar de Creta por dentro é todo azul
Oferenda incrível de primordial alegria
Onde o sombrio Minotauro navega
(...)
Porque pertenço à raça daqueles que percorrem o labirinto
Sem jamais perderem o fio de linho da palavra.
Sophia de Mello Breyner Andresen em O Minotauro
2 comentários:
Labirintica forma de amar em
mergulho
sorver todo o azul infinito
e
no linho des.tecer as ondas
desse remoínho
que é afinal, amar.
Gosto de te ler através de Sophia.
Beijo
Que abandonada estás minha amiga. Vou deixar-te aqui um poema como companhia.
Beijo
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