Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar serena:
- «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada...
- «Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...
Nicolau Tolentino
2 comentários:
Sempre que leio este poema, sorrio e vem-me à memória uma aula de português, em que, perdidos de riso, a freira já não nos suportava mais e nós sufocávamos com tanta gargalhada... mas, a verdade é que sei o poema todo de cor.
Gostei do espaço.
Um beijo
Graça
Graça, a sua visita e as palavras que deixou recordaram-me o passado, estudei num colégio de freiras, compreendo bem essa "impossibilidade" da contenção do riso.
Um beijo.
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