segunda-feira, julho 18, 2011

"o tempo é renda"

Num ápice o tempo desmorona-se transportando-nos ao passado, a um passado tão longínquo que se supunha enterrado. E nas ondas da palavra escrita surgem os sorrisos e as perguntas; as respostas advinham-se. Há vivências passíveis de serem recuperadas contrariamente a todo um conjunto de rupturas irreversíveis com vida. Não, não é um déjà vu é, isso sim, a vida que ficou por viver, o encanto que a sombra escondeu, a barca ancorada no porto da inocência. E o coração galopa pela verdura da planície e vêm as memórias, tão boas. Dançam ao som das guitarras que se enternecem e as sombras acomodam-se no porão do navio fantasma, e há sorrisos. E o ocaso é uma imensa tranquilidade nos tons pastel do outono, que a primavera viveu-se, o inverno foi duro e o verão absorvido na voragem do tempo. "todo o passado me passou velozmente pelo cérebro", como se o cérebro conseguisse atingir a velocidade suficiente para recordar o passado que o coração alberga. E é luz! E sobre a areia, na rebentação das ondas, fica a marca das palavras que ainda não foram ditas. E sobre o mar as cores do pôr-do-sol alisam as imperfeições do tempo, e o barco balança...

O "tempo é renda", como escreve a poetisa IMF.


Sem comentários: