No silêncio recluso deste espaço que não me pertence sugo o sossego de mais um dia que termina, ao longe ouço apenas uma ou outra voz perdida, aquela que adiou a partida para o prolongado descanso. E no horizonte vislumbro a aguarela que a minha vida passada deixou, no azul está pintada a alegria, o amor, a ingenuidade, a crença e a vontade, em tons pastel surge o quadro da felicidade plena, um quadro inacabado e no qual caíram as manchas vermelhas do sangue e o negrume da morte. E depois… depois vem o ponteado de uma pintura que não consegui iniciar nem concluir, como estilhaços de um asteróide que se destruiu contra o muro do sonho. Reergo-me, qual fénix, das cinzas deixadas pelo fogo onde a queimei, essa tela ponteada…
O tempo foge-me como um pássaro azul deixando-me amarrada nas suas asas. E aqui vou, voando ao sabor da corrente que amanhã me levará para o mar…
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